Aracaju é uma das cidades beneficiadas com ações do projeto ‘Redes de Inclusão’ do Unicef

Assistência Social e Cidadania
12/06/2018 16h10

Trabalhar com a rede intersetorial com o objetivo de criar ações que ajudem no desenvolvimento de crianças que têm a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZv) e outras deficiências. Essa é a proposta do projeto ‘Redes de Inclusão’ desenvolvido pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que realiza em Aracaju, nesta terça e quarta-feira, 12 e 13 de junho, uma oficina voltada à apresentação de estratégias de estimulação ao desenvolvimento de crianças com deficiência, seja no ambiente domiciliar ou escolar.

O projeto é desenvolvido em parceria com o Ministério da Saúde e o Governo de Sergipe, e conta ainda com o apoio da Prefeitura de Aracaju, através das secretarias municipais da Assistência Social e Saúde. A ideia é ampliar o trabalho intersetorial entre as equipes que atuam nas áreas da Assistência Social, Saúde e Educação, a fim de estimular o conhecimento multidisciplinar dos profissionais e desenvolver serviços que garantam cada vez mais a qualidade de vida aos pequenos.

A solenidade de apresentação do projeto aconteceu na manhã desta terça-feira, 12, no auditório do Centro Administrativo da Saúde Senador Gilvan Rocha, da Secretaria do Estado da Saúde (SES). O evento contou com profissionais das áreas da saúde, educação e assistência social, que lidam com ações e projetos que atendem a esse público. De acordo com a consultora de disseminação da metodologia de intervenção do Unicef, Maria de Lourdes Magalhães, o Redes de Inclusão surgiu através de uma forte articulação intersetorial com pesquisas e atividade em campo que tiveram início e validação nos estados da Paraíba e Pernambuco. “Chegou o momento de compartilharmos essa experiência com Sergipe, em sua capital e outras cidades do interior. Esse é um projeto que vai levar atividades que estimulem o desenvolvimento de crianças que tenham algum tipo de deficiência. Foi um projeto que iniciou em Campina Grande e no Recife, mas que estamos começando a disseminar por outras cidades do país, sendo Sergipe um dos primeiros estados contemplados”, explica.

A secretária municipal da Assistência Social, Rosane Cunha, avalia essa parceria como uma oportunidade de mostrar que o poder público está de mãos dadas com a população buscando alternativas para lutar em benefício dessas crianças e seus responsáveis. “Nós temos em Sergipe um efeito da epidemia do mosquito Aedes Aegypti, que ocorreu em 2015 e trouxe, por exemplo, o aumento no número de casos de microcefalia. Com isso, entendemos o nosso papel enquanto agentes do poder público, justamente como o de administrar essas situações em conjunto com as pessoas, levando esse trabalho para essas crianças, contribuindo dentro possível, para desenvolvimento cognitivo dos nossos meninos e meninas e também levando uma melhor autoestima para os pais que tanto cuidam e amam esses pequenos”.

Segundo a coordenadora estadual da Rede de Atuação da Pessoa com Deficiência da SES, Alynne França, as atividades que serão desenvolvidas durante os dois dias de evento são estratégias de preparação de multiplicadores que vão atuar fazendo com que as famílias das crianças atendidas se tornem agentes participativos da ação em saúde. Ainda segundo ela, em Sergipe, esses planos foram ampliados com a pretensão de atender ao maior número possível de famílias. “Entendemos o quanto a família é importante ao longo do desenvolvimento dessas crianças, afinal, é o núcleo familiar que cuida. Então, queremos que os pais ou responsáveis nos ajudem ainda mais nesse processo. Tivemos a ousadia de ampliar essas estratégias aqui, que atendiam crianças de zero a três anos, e que agora irão acolher crianças de zero a seis anos. A Prefeitura de Aracaju entrou fortemente conosco nessa parceria. A gente agradece imensamente, principalmente, porque foi o município que fez a doação dos materiais para construção dos kits, para fazer as oficinas”, comemora.

Para a vice-prefeita de Aracaju, Eliane Aquino, os desafios no atendimento à pessoa com deficiência precisam ser encarados e enfrentados. “Enquanto profissionais das redes municipal e estadual, temos ainda desafios muito grandes com uma população de pessoas com deficiência que por décadas foram deixadas à margem da sociedade. Estamos em um momento onde não dá mais pra gente falar para as famílias sergipanas que não temos condições de atender aos seus filhos e suas filhas. Seja na educação, na assistência, na saúde, a gente precisa incluir. Não simplesmente colocar em uma sala de aula ou em uma fila do atendimento do posto, mas precisamos preparar os nossos profissionais para que essas pessoas sejam vistas e respeitadas”, destaca.

A população assistida pela Assistência Social de Aracaju será beneficiada diretamente com as ações apresentadas pelo Unicef. Profissionais do Centro Dia, que atende diretamente a pessoas com deficiência e de projetos como o Criança Feliz, cujo foco é o pleno atendimento de crianças de zero a seis anos, participam da oficina com a pretensão de levar para suas unidades atividades que atendam de modo ainda qualificado meninos e meninas com deficiência que estejam inseridos em famílias em situação de vulnerabilidade. “O projeto Redes de Inclusão vem para somar. Com esse aprendizado será possível desenvolver ainda mais projetos direcionados às crianças atendidas pelas unidades da Assistência Social”, observa Murillo Oliveira, coordenador das Políticas Públicas de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.